Dentre as várias responsabilidades da construção civil, uma delas é garantir que o ambiente em que a gente vive, seja saudável e sustentável. E vamos além, devemos garantir também que os trabalhadores que atuam na construção das nossas casas, empresas e instituições, tenham um ambiente saudável também. A muito tempo quero falar de um assunto um pouco polêmico por aqui no Brasil : o uso do Amianto.
Como assim polêmico?
Mas ele não é um produto super perigoso para a saúde?
SIM!!!! Afinal, os fragmentos microscópicos de fibras de amianto são potencialmente perigosos quando inalados e podem provocar doenças respiratórias como:
- Câncer de pulmão, que é o mais comum em pessoas expostas ao amianto;
- Mesotelioma, uma forma de câncer no peito que praticamente só ocorre em pessoas expostas ao amianto;
- Asbestose, uma doença que causa falta de ar e pode levar a problemas respiratórios mais graves.
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Mas afinal, o que é o Amianto?
Ele é um mineral que ocorre na natureza. Uma variedade da substância, o amianto branco, é usado na indústria da construção civil nos países em desenvolvimento, mas é proibido na maioria dos países industrializados, devido aos riscos para a saúde.
Outras formas do produto – o azul e o marrom – são proibidos em todo o mundo.
Há duas décadas, muitas telhas, pastilhas de freio e caixas d’água, entre outros produtos, eram fabricados com fibra de asbesto, mais conhecido como amianto, no Brasil. Nos dias de hoje, a matéria-prima já foi proibida em mais de 50 países – inclusive no Brasil – por ser comprovadamente cancerígena. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que cerca de 100 mil pessoas morrem por ano devido a doenças causada pela inalação desta substância.
Mas então,qual a polêmica?
Alguns especialistas afirmam que a variação branca do produto traz menos risco à saúde do que o azul e marrom, mas mesmo empresas que vendem a substância dizem que os trabalhadores devem evitar inalar o ar com o produto.
Um órgão de saúde do governo americano afirmou que a exposição a contaminação do ar pelo amianto ao longo de uma vida toda de trabalho pode provocar cinco mortes por câncer e duas por asbestose em cada mil trabalhadores.
O principal contraponto aqui no Brasil, vem principalmente de estados em que se concentram grandes produtores de produtos que tem em sua base, a utilização do amianto e possuem representação no congresso nacional.
Eles alegam que o tipo de amianto brasileiro é o crisotila (branco) puro, que seria menos contaminante, e por isso sua proibição deveria ser cancelada. Outro argumento é o de que o amianto traz “apenas” problemas ocupacionais (oriundos do trabalho) aos operários. (Como se isso não fosse o suficiente para banir o material!!).
No entanto, há um campo aberto para o debate, já que a quebra do amianto em uma situação doméstica ou um descarte incorreto no meio ambiente poderiam causar a inalação da “poeira assassina” por parte do consumidor.
E apesar de todos os contrapontos levantados pelas indústrias que defendem a utilização do amianto, algumas respostas ainda não foram solucionadas:
- Como se dá a descontaminação do amianto?
- Quais problemas ele pode causar aos consumidores finais e o que fazer com a sua telha de amianto antiga?
- E afinal, existe alguma forma real de “controlar” a exposição às partículas que são liberadas no ar?De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e outras entidades que defendem o banimento do produto, apesar dos benefícios da substância para a economia nacional – geração de empregos, exportação, barateamento de materiais de construção -, a comprovação de que a substância é cancerígena e causa danos ao meio ambiente já é o suficiente para o banimento do produto.
A proibição
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu no ano passado, por proibir, em todo o país, a produção, a comercialização e o uso do amianto tipo crisotila, usado, principalmente, para fabricação de telhas e caixas d´água.
Vários estados, como próprio Rio Grande do Sul já proibiam a comercialização deste produto .
Mas somente no ano passado os ministros entenderam que o artigo da lei federal que permitia o uso da do amianto crisotila na construção civil é inconstitucional. Os magistrados concluíram ainda que essa decisão deve ser seguida por todas as instâncias do Judiciário.
Pelo entendimento do Supremo, o Congresso não poderá mais aprovar nenhuma lei para autorizar o uso deste material. Além disso, os estados também não poderão editar leis que permitam a utilização do produto.
Ufa! Estamos livres do amianto, certo?
É….mais ou menos.
Apesar da proibição nacional, e em países da União Europeia, na Austrália e em mais de outros 20 países, algumas nações como China, Índia e Rússia são grandes consumidores deste produto. E os maiores exportadores são Rússia, Cazaquistão e Canadá.
Portanto, precisamos atentar principalmente quando compramos produtos de origem destes países que permitem a utilização do amianto, pois atualmente a entrada deste produto no país ainda pode ocorrer.
E se eu precisar descartar um produto antigo que contém amianto?
A recomendação é de que o descarte seja feito juntamente com resíduos tóxicos, em aterros especializados. E atenção : o material não tem como ser reutilizado ou reciclado.
Para descartar seus produtos antigos que contem a substância procure os postos aqui ou entre em contato com a prefeitura de sua cidade para fazer a destinação correta.
Ficou curisoso com assunto?
Quer saber mais?
Fica aqui a dica de um documentário produzido pela Globo News que pode esclarecer um pouco mais sobre suas dúvidas:
Fontes:
https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2010/07/100721_amianto_qa_dg
https://oglobo.globo.com/economia/amianto-de-9-empresas-7-ja-deixaram-de-usar-fibra-ou-vao-abandona-la-ate-2018-21646999
Construímos seus sonhos, sustentamos seu futuro.
Daniela Manosso Bampi é arquiteta LEED GA. Graduada pela Universidade de Caxias do Sul e Pós Graduada em Construção Sustentável pelo INBEC.
Contatos:
daniela@danielamb.com.br
www.danielamb.com.br
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